Capítulo V - O Bilhete de Penélope
Eu sonhava que estava sentado no 47° andar de um prédio, chorando pronto para pular, eu olhava pra trás e via um apartamento que não era o meu, mas com todas minhas coisas lá. Até que me joguei sem mais, sem menos. Acordei. Me virei e vi o rosto magérrimo adormecido de Cecília e a angústia do sonho já não mais me incomodava.
Me levantei, fui ao banheiro, me olhei no espelho e dei uma piscadela pra mim mesmo. Escovei os dentes e lavei o rosto. Me arrumando, Cecília acorda.
- Não me acordou, bem? - disse ela com a voz enrolada e se espreguiçando.
- Ainda não tá na hora, só gosto de ficar arrumado antes.
Fui até ela e a beijei. Selinho, é claro, ela tinha acabado de acordar.
- Vamo tomar café. - Disse ela.
Ela se levantou completamente nua. A luz do sol entre as persianas batia em seu corpo claramente desenhado. Sou ateu desde meus 10 anos, mas se realmente existiu um Deus, Cecília seria como Deus queria que fossem as mulheres e lá do céu sentia-se envergonhado, pela natureza criar a perfeição que nem ele conseguiu.